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Data de Publicação 24/10/2025 - 13:19 Atualizado em 24/10/2025 - 13:19 222 visualizações

Projeto de IA na educação premiado pela Unesco conta com participação da Unipampa

Iniciativa da Secretaria de Educação do Piauí que integra inteligência artificial ao currículo das escolas públicas do estado foi desenvolvida por três instituições federais: IF Farroupilha, Unipampa e UFRGS
Por Tamíris Centeno Pereira da Rosa

O projeto “Piauí Inteligência Artificial” recebeu, na quinta-feira, 9 de outubro, uma premiação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), durante cerimônia realizada na Universidade do Bahrein. A iniciativa foi agraciada com o Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa para o Uso de Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação.

O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc-PI) e foi desenvolvido em parceria com o Instituto Federal Farroupilha (IFFar), a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O objetivo do trabalho é integrar a inteligência artificial (IA) ao currículo das escolas públicas e torná-la disciplina obrigatória nos ensinos fundamental e médio. Nesta edição, concorreram ao prêmio 86 iniciativas internacionais, propostas por mais de 50 Estados-membros e organizações não governamentais.

Para comemorar o 20º aniversário do prêmio, cujo tema foi “Preparando alunos e professores para o uso ético e responsável da inteligência artificial”, quatro projetos foram reconhecidos — do Brasil, Bélgica, Egito e Reino Unido. Além da iniciativa brasileira, foram premiados:

  • AI4InclusiveEducation (Bélgica) — desenvolvendo a consciência cívica por meio da IA;
  • Mahara-Tech (Egito) — promovendo a inclusão de comunidades locais por meio do aprendizado de IA;
  • Experimente a IA (Reino Unido) — permitindo acesso global a uma cultura de IA ética.

O projeto brasileiro foi indicado pela Comissão Nacional do Brasil para a Unesco, cujas funções são exercidas no Ministério das Relações Exteriores, para representar o país na premiação. A iniciativa oferece um programa educacional de três anos que integra a ética da IA em todos os seus módulos e combina atividades on-line e off-line, tornando o aprendizado acessível também em ambientes com recursos limitados.

As aulas beneficiam mais de 90 mil alunos por ano, em 540 escolas públicas piauienses, e o projeto já capacitou mais de 680 professores. A meta é formar mais de 800 docentes e alcançar cerca de 120 mil estudantes por ano. Os conteúdos abordam temas como curadoria de dados, aprendizagem de máquina e processamento de linguagem natural, unindo teoria e prática em planos de aula replicáveis.

O júri internacional destacou o “Piauí Inteligência Artificial” como modelo abrangente e inclusivo, capaz de empoderar educadores e promover o uso ético e responsável da inteligência artificial na educação. A seleção do projeto reflete o reconhecimento da importância das tecnologias digitais como aliadas do desenvolvimento social e educacional.

Segundo o professor Cristiano Galafassi, do Campus Itaqui, a Unipampa é a instituição onde o projeto foi gestado e responde pela coordenação executiva do Piauí IA, em parceria com a professora Fabiane Galafassi. “A universidade lidera o desenho pedagógico, a governança acadêmica e o acompanhamento da implementação, articulando pesquisa aplicada, formação docente e extensão universitária”, explica.

Embora o projeto envolva três instituições federais, a maior parte da equipe de tutoria e formação é composta por docentes, pesquisadores e estudantes da Unipampa, o que consolida o papel central da universidade na execução cotidiana da iniciativa.  “O projeto é uma política pública de Estado, não um piloto. Ele torna a IA um componente curricular obrigatório e é pioneiro nas Américas em sua abordagem sistemática da educação em IA”, ressalta o professor.

Entre as principais contribuições da equipe, Galafassi destaca o desenho pedagógico baseado no letramento em inteligência artificial e alinhado à BNCC, a implementação de um currículo incremental de quatro anos, a formação docente em larga escala com metodologia de sala de aula invertida, a produção de Recursos Educacionais Abertos, incluindo atividades plugadas e desplugadas, e a integração transversal de ética, privacidade e segurança em todas as unidades curriculares.

Impacto nas escolas públicas

Os resultados já são perceptíveis na rede estadual do Piauí. “Entre os professores, observamos um aumento de confiança para ensinar IA de 35% para 90%, e entre os estudantes, uma melhora média de 25% em tarefas com IA integrada”, destaca Galafassi.

Além disso, o projeto tem incentivado a criação de projetos locais, como chatbots para reciclagem e ferramentas de análise de sentimentos para monitorar o bem-estar estudantil. “Formamos mais de 800 docentes por ano e alcançamos cerca de 120 mil estudantes. Esse movimento tem gerado protagonismo acadêmico e reconhecimento nacional e internacional”, completa.

Reconhecimento internacional

Para Galafassi, receber o Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa representa “um reconhecimento internacional de que a educação pública e de qualidade, feita na Unipampa e com a rede do Piauí, gera inovação com impacto social real”.

Segundo ele, a premiação reforça o papel da Unipampa na liderança de políticas educacionais baseadas em evidências e abre portas para novas parcerias e pesquisas. “É significativo sermos a única Cátedra Unesco premiada nesta edição. Esse reconhecimento chancela a qualidade científica e a relevância pública do projeto e consolida a Unipampa como referência latino-americana em IA inclusiva, ética e acessível”, conclui.

Projeto de IA na educação premiado pela Unesco conta com participação da Unipampa

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