Ver a árvore como o ser vivo que é e como um patrimônio coletivo a ser preservado, cuidado e incentivado. Com esta tônica foi lançado o programa de extensão “Arborização Urbana: um Exercício de Cidadania e Sustentabilidade Socioambiental”, coordenado pela Universidade Federal do Pampa e em parceria com Instituto Federal de Educação (IFSul) Campus Bagé, Faculdades Ideau, Instituto de Permacultura da Pampa (Ipep), Associação em Defesa da Ecologia Ampla e da Arte (Ecoarte), escolas municipais, estaduais e particulares de Bagé. O primeiro encontro foi realizado no miniauditório do IFSul Bagé nessa quarta-feira, 9.

O programa surge após os resultados, em 2014 e 2015, do projeto de pesquisa que inventariou todas as árvores das dez principais praças da cidade. A pesquisa identificou a necessidade de ação urgente de conscientização a respeito do papel da árvore em uma cidade, a forma adequada de seu plantio e manejo, e o fomento da consciência de gerações atuais e futuras sobre esse importante ser vivo que representa a natureza na zona urbana.

“Tudo é uma coisa só”, enfatizou um dos palestrantes da manhã de lançamento, o diretor do Instituto de Permacultura da Pampa, João Rockett. Ele falou aos professores, orientadores e profissionais da educação envolvidos no programa que participaram do lançamento sobre a necessidade de compreendermos o que é a árvore, seu propósito e papel como ligação entre o solo e seus componentes e o ar, além da urgência na mudança de hábitos de cada um de nós.

Rockett ilustrou o ciclo de vidas que dependem das árvores, e reforçou que, quando se corta uma árvore, não se está arrancando apenas aquele ser vivo, mas também inviabilizando uma série de outros organismos e elementos que interdependem da existência daquela árvore. “Para além da educação, precisamos de amor. No momento que amamos algo ou alguém, aprendemos sobre aquele algo ou alguém”, enfatizou o palestrante, que também conclamou os presentes a compreenderem e disseminarem o respeito aos diferentes reinos que compõe o planeta.

A ação instada pelo diretor do IPEP teve sua importância reforçada pelos dados trazidos pelo professor da Unipampa e coordenador institucional do programa, Norton Sampaio. O censo realizado na fase de pesquisa do projeto identificou que 61% das árvores das praças apresentavam problemas de fitossanidade, ou seja, estão doentes. Atualmente, a pesquisa realiza o inventário das árvores das ruas da região mais central de Bagé. Os motivos dos problemas vão desde a presença de parasitas, doenças surgidas pela poda inadequada e irresponsável realizada indiscriminadamente, até a falta de conhecimento da população a respeito do manejo e manutenção dos espécimes em suas calçadas.

O professor trouxe exemplos de cidades e realidades em que a árvore é respeitada no ambiente urbano e reforçou a necessidade de que o conhecimento a respeito seja disseminado por meio da educação para que uma mudança cultural possa ser promovida. Dessa forma, para colocar as ideias e conceitos em prática, as servidoras da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unipampa, Ketleen Grala e Rubya Mara Andrade, apresentaram o conceito de extensão universitária, os propósitos do programa que se inicia, o papel dialógico e propositor de ações das escolas envolvidas e a pretensão de reunir diferentes saberes para a construção do programa ao longo do ano.

O próximo encontro está marcado para a quarta-feira, 16, pela manhã, nas Faculdades Ideau, e nele já começará o debate em torno das ideias e propostas de projetos e ações a serem desenvolvidas nas e pelas escolas da cidade.