Fóssil de 260 milhões de anos encontrado em São Gabriel é estudado por pesquisadores da Unipampa
A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) é protagonista em uma nova descoberta paleontológica que revela estruturas inéditas sobre a evolução de um grupo extinto de parentes dos mamíferos. Um estudo liderado pelo doutorando em Ciências Biológicas da Unipampa, Campus São Gabriel, João Lucas da Silva, analisou em detalhes o fóssil do Rastodon procurvidens, encontrado no município de São Gabriel. O fóssil é da espécie extinta de dicinodonte, um grupo de vertebrados herbívoros parentes distantes dos mamíferos, que viveu há cerca de 260 milhões de anos, no período Permiano, antes do surgimento dos dinossauros. A pesquisa foi publicada na prestigiada revista científica Zoological Journal of the Linnean Society (Revista Zoológica da Sociedade Linneana, em tradução livre).
O trabalho é fruto de uma colaboração científica entre a Unipampa, o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadores internacionais das universidades de Princeton e Harvard, nos Estados Unidos.
Com o uso de tomografia computadorizada de alta resolução, os cientistas conseguiram, pela primeira vez, observar o interior da mandíbula e do crânio do Rastodon procurvidens. O fóssil, catalogado como "UNIPAMPA 317", foi escavado na região norte de São Gabriel e é um dos mais completos do grupo já encontrados na América do Sul.
Contribuições da Unipampa
O estudo contou com a participação direta de três pesquisadores da Unipampa: além de João Lucas da Silva, também colaboraram o paleontólogo Voltaire Dutra Paes Neto, atualmente pós-doutorando em projeto conjunto entre a Unipampa e a universidade Harvard, nos Estados Unidos, e o professor Felipe Lima Pinheiro, docente do curso de Ciências Biológicas do Campus São Gabriel.
A partir dos dados obtidos, foi possível não apenas descrever com precisão a anatomia do fóssil, mas também reposicioná-lo na árvore evolutiva dos dicinodontes. Isso indica que o Rastodon pertence à família dos emydopoides, um grupo com representantes escavadores e considerados resilientes à maior extinção em massa da história da Terra, ocorrida no final do período Permiano.
Segundo o professor Felipe Pinheiro, "o Rastodon ajuda a entender por que alguns grupos conseguiram sobreviver ao colapso ecológico do Permo-Triássico. Sua morfologia sugere hábitos escavadores e adaptações únicas, que podem ter sido chave para sua sobrevivência”.
Impacto científico
A pesquisa combinou microtomografia e análises histológicas, permitindo uma compreensão detalhada do desenvolvimento ósseo do espécime. Os dados também contribuíram para discutir a origem geográfica de seu grupo, sugerindo que a linhagem dos emydopoides pode ter surgido na América do Sul, e não na África, como anteriormente se pensava.
“A contribuição da Unipampa para esse trabalho vai além do achado fóssil. Mostra a capacidade da nossa universidade de liderar pesquisas de ponta em cooperação com instituições nacionais e internacionais”, afirma João Lucas da Silva.
O artigo completo pode ser acessado no site do periódico científico Zoological Journal of the Linnean Society.
Últimas notícias
-
31/10/2025 - 19:24
-
30/10/2025 - 18:45
-
30/10/2025 - 18:14
-
29/10/2025 - 14:16
-
28/10/2025 - 19:19








